Sinais Vitais - Pediatria

Os sinais vitais são parâmetros para avaliar as funções vitais e podem orientar no diagnóstico inicial e acompanhar a evolução do quadro clinico do paciente.
As alterações da função corporal geralmente se refletem na temperatura do corpo, na pulsação, na respiração e na pressão arterial, podendo indicar enfermidade (TIMBY, 2001).
Devemos considerar as seguintes condições para obtenção dos sinais vitais:
• Condições ambientais, tais como temperatura e umidade no local, que podem causar variações nos valores;
• Condições pessoais, como exercício físico recente, tensão emocional e alimentação, que também podem causar variações nos valores;
• Condições do equipamento, que devem ser apropriados e calibrados regularmente. O socorrista deve estar atento, pois o uso de equipamentos inapropriados ou descalibrados podem resultar em valores falsos.
Faixa Etária – Idades
Primeira Infância (0 a 2 anos)
  Recém-nascido: 0 a 28 dias
  Lactente: 29 dias a 2 anos
Segunda Infância: (2 a 10 anos)
  Pré - escolar: 2 a 7 anos
  Escolar: 7 a 10 anos
Terceira Infância:
  Adolescência: 10 a 20 anos

TEMPERATURA
A temperatura corporal é o equilíbrio entre a produção e a perda de calor do organismo, mediado, pelo centro termo - regulador. Pode ser verificada na região axilar, inguinal, bucal ou retal. A axilar é a mais comumente verificada (embora menos fidedigna) e o seu valor normal varia no adulto entre 36 e 37,8o C (POTTER, 1998).
Antes da tomada de temperatura a coluna de mercúrio deve ser baixada até o nível mínimo. E cada criança hospitalizada deve possuir um termômetro individual.
Atenção durante a verificação
- Sempre que possível obter a temperatura com a criança calma, em repouso pelo menos meia hora antes.
- O local da verificação da temperatura deve estar seco e o termômetro livre de solução desinfetante.
- Desde que a criança compreenda, explicar o procedimento e fazê-la  conhecer o equipamento.
- Os locais onde se verifica a temperatura não devem estar expostos à ação do calor ou frio.
- Nunca deixar o lactente e pré-escolar sozinho com termômetro.

local
            Vantagens
           Desvantagens
Axila
Acesso fácil e seguro.
Pouco risco de traumatismo psicológico.
Influenciado facilmente por temperatura ambiente e fluxo de ar.
Período de tempo grande para obtenção do resultado exato.
Reto
Não é diretamente influenciado pela
Ingestão de líquidos quentes ou frios, temperatura ambiente, etc.
Fidedignidade dos resultados.
Menos tempo de verificação que os outros métodos.
Contra indicado em pacientes com diarréia, doenças do reto e submetidos a cirurgias retais.
Risco de traumatismo psicológico.
Risco de danos à mucosa retal.
Difícil colocação.
Estimula a evacuação. 
Boca
Fácil acesso.
Fácil colocação.
Leitura em menor tempo que a temperatura axilar.
Não pode ser usado em crianças pequenas pelo risco de morder e quebrar o termômetro.
Contra indicado em afecções ou cirurgias orais.
Sofre interferência de vários fatores, como: Ingestão de líquidos quentes e frios, oxigenoterapia, etc. 
Valor normal temperatura
Oral: 35,80c a 37,20c
Retal: 36,20c a 380c
Axilar: 35,90c a 36,70c
Terminologia básica
- Normotermia (Afebril): 36ºC – 37 ºC
- Hipotermia: abaixo de 36°C
- Subfebril: 37 ºC – 37,5 ºC
- Febril: 37,6 ºC – 37,8 ºC
- Febre: 37,9 ºC – 39 ºC
- Hipertermia (Pirexia): 39,1 ºC – 40 ºC
- Hiperpirexia: acima de 40,5°C


PULSO
É a onda de expansão e contração das artérias, resultante dos batimentos cardíacos. Na palpação do pulso, verifica-se frequência, ritmo e tensão. O número de pulsações normais no adulto é de aproximadamente 60 a 80 batimentos por minuto (POTTER, 1998).
As artérias mais comumente utilizadas para verificar o pulso: radial, carótida, temporal, femoral, poplítea, pediosa (POTTER, 1998).
Características
- Frequência: número de batimentos por minuto. (frequência varia de acordo com sexo, esforço, biótipo, emoções, choro, sono).
- Ritmo:  normal e arrítmico.
 - Força da batida: cheia e forte, fracas.
Atenção durante a verificação
- Não usar o polegar para verificar o pulso, pois a própria pulsação pode ser confundida com a pulsação do paciente;
- Aquecer as mãos para verificar o pulso;
- Em caso de dúvida, repetir a contagem;
- Não fazer pressão forte sobre a artéria, pois isso pode impedir de sentir os batimentos do pulso.
Métodos para verificação do pulso
 -Por palpação: artéria femoral, temporal, pediosa.
 -Nas crianças maiores: artéria braquial, radial, carótida, temporal, femoral, pediosa.
OBS: Ausculta do pulso apical: método utilizado frequentemente em lactentes, pois é difícil a verificação de pulso por palpação. O estetoscópio deve ser colocado entre o mamilo esquerdo e o externo, e a frequência  verificada durante 60 segundos. Observar se o aparelho esta  frio, para que a criança não se assuste estimulando o choro e alternando os dados.
Termologia básica
- Taquicardia ou taquisfigmia: pulso acima da faixa normal (acelerado).
- Bradicardia ou bradisfigmia: pulso abaixo da faixa normal (frequência cardíaca baixa).
- Pulso filiforme, fraco, débil: termos que indicam redução da força ou volume do pulso periférico.
- Pulso irregular: os intervalos entre os batimentos são desiguais.
- Pulso dicrótico: dá a impressão de 2 batimentos.
Frequência Cardíaca e Respiratória
IDADE              FC (bpm)          FR (irpm)
RN                   120 – 160           30 – 60
Lactente            90 – 140            24 – 40
Pré-escolar        80 – 110            22 – 34
Escolar              75 – 100            18 – 30
Adolescente       60 – 90             12 – 16

RESPIRAÇÃO
É o ato de inspirar e expirar promovendo a troca de gases entre o organismo e o ambiente. A frequência respiratória normal do adulto oscila entre 16 a 20 respirações por minuto. Em geral, a proporção entre frequência respiratória e ritmo de pulso é, aproximadamente de 1: 4. Ex: R=20 / P=80 (HORTA, 1979).
No lactente, e, sobretudo no recém-nascido prematuro os movimentos respiratórios podem ser irregulares, arrítmicos, intermitentes e ainda com alternância da profundidade. Devido a este fato deve-se  contar os movimentos por  1 minuto para que haja precisão.
Características
- Tipo: abdominal ou diafragmática, torácica.
- Ritmo: irregular e regular.
- Frequência: normal ou eupineica, bradipneica e taquipneica.
Atenção durante a verificação
- Verificar a respiração durante 1 minuto nos lactentes e pré –escolar, 30 segundo nos escolares.
- Verificar a respiração antes dos outros SSVV em decorrência das alterações provocadas pelo choro.
- Observar dificuldade respiratória, presença de secreção.
- Efetuar o registro das condições respiratórias, anotando as condições da criança durante a verificação.
 Termologia básica
- Taquipneia: aumento da respiração acima do normal
- Bradipneia: diminuição do número de movimentos respiratórios.
- Apneia: parada respiratória. Pode ser instantânea ou transitória, prolongada, intermitente ou definitiva.
- Ortopneia: respiração facilitada em posição vertical.
- Dispneia: dor ou dificuldade ao respirar (falta de ar).
- Respiração ruidosa, estertorosa: respiração com ruídos semelhantes a "cachoeira".
- Respiração sibilante: com sons que se assemelham a assovios.
- Respiração de Cheyne-Stokes: respiração em ciclos, que aumenta e diminui, com período de apneia.
- Respiração de Kussmaul: inspiração profunda, seguida de apnéia e expiração suspirante. Característica de acidose metabólica (diabética) e coma.

PRESSÃO ARTERIAL
É a medida da pressão exercida pelo sangue nas paredes das artérias. A pressão (PA) ou tensão arterial (TA) depende da força de contração do coração, da quantidade de sangue circulante e da resistência dos vasos (POTTER, 1998).
Ao medir a PA consideramos a pressão máxima ou sistólica que resulta da contração dos ventrículos para ejetar o sangue nas grandes artérias e a pressão mais baixa ou diastólica, que ocorre assim que o coração relaxa.
A pulsação ventricular ocorre em intervalos regulares. A PA é medida em mmHg. Difícil definir exatamente o que é pressão arterial normal. Fatores constitutivos e ambientais interferem na PA. Aumenta com a idade e é considerada normal para o adulto entre 130/80, 130/70, 120/80, 120/70 (POTTER, 1998).
Termologia básica
- Hipertensão: PA acima da média (mais de 140/90).
- Hipotensão: PA inferior a média (menos de 100/60).
- PA convergente: quando a sistólica e a diastólica se aproximam ( Ex: 120/100).
- PA divergente: quando a sistólica e a diastólica se afastam ( Ex: 120/40).
Atenção durante a verificação
- A pressão arterial deve ser tomada quando a criança estiver descansando e em uma posição confortável e tranquila. O processo deve ser antes explicado à criança.
 - Se necessário repetir a mensuração: aliviar totalmente a pressão, desinsulflando o aparelho. Aguardar 3 minutos para nova verificação, já que as alterações circulatórias locais alteram os resultados.
Métodos de verificação da pressão arterial: Método auscultatório, palpatório e ausculto - palpatório.
Locais para medição da P.A em pediatria: artéria braquial, radial, poplítea e tibial posterior.
Média dos Valores da Pressão Arterial

IDADE
MÉDIA VALORES- SÍSTOLE/DIÁSTOLE
mmHg

0-3 meses
75 / 50
3 meses-6 meses
85 / 65
6 meses-9 meses
85 / 65
9 meses-12 meses
90 / 70
1 anos-3 anos
90 / 65
3 anos-5 anos
95 / 60
5 anos-7 anos
95 / 60
7 anos- 9 anos
95 / 60
9 anos- 11 anos
100 / 60
11 anos- 13 anos
105 / 65
13 anos- 14 anos
110 / 70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HORTA, W. A. Processo de Enfermagem. Ribeirão Preto: Pedagógica, 1979.
POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Grande Tratado de Enfermagem Prática: Clínica e Prática Hospitalar. 3.ed. São Paulo: Santos, 1998.
TIMBY, B. K. Conceitos e Habilidades Fundamentais no Atendimento de Enfermagem. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.
FONSECA, ORG.de Ariadne da Silva. Enfermagem Pediátrica. São Paulo: Martinari, 2013.