Distúrbios Gastrointestinais - Pediátria

Criança com Distúrbios Gastrointestinais
Os distúrbios gastrointestinais podem envolver as anomalias ligadas ao tubo primitivo, desde a hipofaringe até o esfíncter anal, ou os defeitos da parede, que podem resultar em alterações do trato gastrointestinal, que irão interferir com o funcionamento e desenvolvimento desse.
O sistema gastrointestinal serve para processar e absorver os nutrientes necessários à manutenção dos processos metabólicos e ao suporte do desenvolvimento e crescimento.
Características do trato gastrointestinal em RN e Lactente
• Estômago arredondado e situado horizontalmente
• Esvaziamento gástrico (3 horas em RN e 6 horas em lactentes), determinando a frequência e quantidade de refeições.
• Devido maior quantidade de líquido extracelular até os 2 anos de idade, há uma maior perda de líquidos por perdas insensíveis.
• A taxa de metabolismo é maior devido a grande superfície corpórea do RN, independente da imaturidade renal que também colabora na excreção de metabólitos.
• Os RN prematuros apresentam baixa atividade enzimática de tripsina, lipase e amilase e baixas concentrações de sais biliares a deficiência de digestão de gorduras.
DISTÚRBIOS DE MOTILIDADE
VÔMITOS: Observar sintomas associados, investigando as causas, reduzindo os episódios.
REFLUXO GASTROESOFÁGICO: relaxamento do esfíncter esofágico inferior. Em RN pode ser normal pela imaturidade neuromuscular. Reflexo contínuo pode haver sangramento por irritação de mucosa.
DIARRÉIA: Aumento no número de evacuações com diminuição na consistência das fezes. Pode ser aguda ou crônica. Causas: orgânica, infecção.
DESIDRATAÇÃO: pode ser leve ( perda de 5% água), moderada (10%) e grave (15%). O choque pode acontecer com depleção de líquido extracelular, taquicardia, e pressão arterial baixa.
CONSTIPAÇÃO: Eliminação de fezes endurecidas a intervalos maiores. Causas podem ser:
- Fator orgânico, Doença de Hirschsprung ou megacólon, (ausência de células ganglionáres parassimpáticas em um segmento do cólon), com a ausência de movimentos propulsivos e acúmulo do conteúdo intestinal;
- Fator metabólico, hipercalcemia;
- Fator neurológico, Problemas no Sistema Parassimpático, não provocando peristaltismo;
- Fator emocional;
INGESTÃO DE CORPOS ESTRANHOS: Observar a progressão do objeto quando passar pelo piloro com radiografia. Pode se feita a esofagoscopia, com sonda gástrica magnetizada para corpos ionizáveis e laparoscopia.
HÉRNIAS
É a protrusão de uma porção de um órgão ou de vários órgãos através de uma abertura anormal. O risco da herniação é de prejudicar a circulação e de que os órgãos salientes invadam outras estruturas orgânicas.
HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA – Congênita, podendo encontrar a maioria dos órgãos abdominais projetada no tórax, através de grande abertura no lado esquerdo do diafragma. Correção cirúrgica
HÉRNIA DE HIATO – Tipo deslizamento, quando o anel muscular do hiato não é justo, permitindo que a extremidade do cárdia do estômago deslize acima do diafragma e de volta para o abdome. Produz o cárdia relaxado (calasia), com refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago, com subsequente regurgitação. Postura ereta, dietas fracionadas e cirurgia.
HÉRNIA UMBILICAL – O Anel umbilical deve ter um fechamento gradual e espontâneo após o nascimento. Quando há o fechamento incompleto desse anel aponeurótico resulta na protrusão de alça intestinal através da abertura. Diante do estrangulamento ou encarceramento do intestino herniado (intervenção cirúrgica imediata).
ONFALOCELE – Malformação congênita na qual parte do conteúdo abdominal se projeta na base do cordão umbilical. À diferença da hérnia umbilical, a onfalocele é coberta apenas por um saco transparente de âmnio, na qual o cordão umbilical está inserido. Caso o saco se rompa, o conteúdo abdominal eviscera através da abertura na parede abdominal. Correção cirúrgica.
GASTROSQUISE – É a herniação através de um defeito da parede abdominal, que permite a evisceração do conteúdo abdominal, sem comprometimento do cordão umbilical. Isso ocorre devido ao fato de o intestino estar em posicionamento anormal, herniando-se antes que ocorra sua rotação e fixação normal na cavidade abdominal.
SÍNDROME DE MÁ ABSORÇÃO – Desordens associadas ao prejuízo na ingestão e/ou absorção, em função de problemas digestivos, anatômicos e/ou bioquímicos.
PROBLEMAS BIOQUÍMICOS – Enzimas diminuídas. Ex: Fibrose cística (enzimas pancreáticas ausentes); doença hepática ou biliar (bile diminuída); deficiência de lactase, com intolerância a lactose (galactosemia)
PROBLEMAS ANATÔMICOS – Ressecção extensa do intestino (Síndrome do intestino curto)

AFECÇÕES GASTROINTESTINAIS MAIS FREQUENTES
ESTENOSE HIPERTRÓFICA DO PILORO – Obstrução do esfíncter pilórico por hipertrofia da musculatura circular do piloro. Correção cirúrgica.
ATRESIA ESOFÁGICA COM FÍSTULA TRÁQUE0-ESOFÁGICA – Falha anatômica, geralmente com comunicação esôgago – traqueia.
ÂNUS IMPERFURADO – Malformação da região anal. Correção cirúrgica.
APENDICITE AGUDA – Inflamação do apêndice vermiforme ou saco cego no fim do ceco. Obstrução do lúmen por fecalito, hiperplasia linfóide, aderência ao peritôneo.
DIVERTÍCULO DE MECKEL – Estrutura remanescente fetal que conecta o saco vitelino à cavidade intestinal durante a vida fetal, contém mucosa gástrica, produzindo ácido clorídrico e pepsina que irritam o intestino, provocando sangramentos. Correção cirúrgica
COLITE ULCERATIVA – Reação inflamatória crônica, envolvendo a mucosa e submucosa do intestino grosso. Incidência maior em adolescentes. Provoca diarreia com traços de sangue, precedida de cólica e sucedida de distensão abdominal.
DOENÇA DE CROHN – Acomete mais o íleo terminal, porém acomete todas as camadas da parede intestinal (transmural). O edema e inflamações progridem para ulcerações profundas.
ÚLCERA PEPTICA – Erosão da parede mucosa do estômago, piloro ou duodeno.
HEPATITE AGUDA – Causada por Vírus, principalmente A, B e C, causando inflamação hepática, levando cirrose.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
Pré - Operatório
  1. Obter consentimento por escrito, explicando o procedimento à criança (brinquedo terapêutico) e aos pais.
  2. Auxiliar no preparo do intestino (enemas) ou antibióticos prescritos;
  3. Atentar para dados coletados no histórico ( alergias, cicatrizes etc) ;
  4. Monitorizar sinais vitais;
  5. Atentar para eventuais complicações: choque, obstrução intestinal, perfuração e peritonite ( sinais de distensão abdominal e dor aguda);
  6. Prover nutrição parenteral adequada, prevenido desequilíbrio nutricional, desidratação.
Pós-Operatório
  1. Monitorizar paciente;
  2. Avaliar nível de consciência;
  3. Manter Vias Aéreas permeáveis e oxigenoterapia se necessário;
  4. Prover posição confortável e auxiliar na higienização;
  5. Trocar curativo cirúrgico e drenos, anotando aspecto;
  6. Realizar balanço hidroeletrolítico (infundido X eliminado);
  7. Anotar aspecto e quantidade dos líquidos drenados e eliminações vésico-intestinais;
  8. Prevenir infecção, mantendo técnicas assépticas;
  9. Prover nutrição parenteral ou enteral, quando indicado;
  10. Anotar débito e aspecto da secreção de SOG, se aberta;
  11. Detectar sinais precoces de complicações ( nível de consciência rebaixado, sinais vitais, sangramentos, distensão abdominal, sinais flogísticos);
  12. Prevenir úlcera por pressão com mudança de decúbito 2/2h;
  13. Orientar criança e família, minimizando ansiedade;
  14. Registrar intercorrências no prontuário.